quarta-feira, 27 de maio de 2009

As loucas baladas dos paulistinhos endinheirados

Ecstasy, cocaína, maconha, champanhe, sexo grupal e muita arrogância. A reportagem da AOL acompanhou uma balada da "Geração $", formada por filhos da alta sociedade paulistanaPor Rodrigo BrancatelliA estudante de Administração Nicole*, de 21 anos, estará daqui a algumas horas desmaiada no quarto 231 do Hospital Alvorada, na zona sul de São Paulo, com a sua calça Gucci suja de vômito e com um cateter na veia por meio do qual ela receberá altas quantidades de glicose para rebater o efeito do excesso de álcool.

Nicole mal irá se lembrar de, no espaço de horas, ter fumado dois cigarros de maconha, tomado um ecstasy na forma de coração e outro na forma das orelhas do Mickey Mouse, bebido uma garrafa inteira de champanhe Möet et Chandon e ter feito sexo com dois garotos que nunca viu na vida.“Comigo tem que ser assim mesmo. Tudo aos extremos”, diz a garota, filha de um conhecido empresário do ramo têxtil. “Gosto de dar para um monte de caras, de misturar Prozac com champanhe, de cheirar cocaína até meu nariz sangrar. E não me importo com a sua opinião moralista, típica da classe média. Tenho dinheiro suficiente para não me preocupar com você ou com mais ninguém. A minha felicidade está na minha conta bancária”, dizia ela ao repórter enquanto se preparava para a balada.

Nicole faz parte de uma geração escancaradamente frívola e preconceituosa, formada por filhos de gente muito rica. É a “Geração $”, como eles gostam de se definir. Têm a vida inteira pela frente e nenhuma preocupação com assuntos que assombram outras pessoas, como falta de dinheiro ou necessidade de escolha de uma profissão para ganhar a vida. Não há limites para eles. O que mais querem é curtir a juventude com o que acham que têm direito, incluindo drogas, sexo e uma boa dose de sentimento de superioridade. “Eu sou o tipo de pessoa que os pobres e a classe média odeiam porque posso torrar R$ 5 mil em um vestido para usar apenas uma vez e depois encostá-lo no armário”, diz Nicole ao repórter. “Não consigo ficar assistindo tevê em casa ou trabalhando em algum escritório estúpido na frente de um computador. Estou acima disso tudo. O dinheiro dos meus pais me possibilita curtir a vida sem preocupações e sem falsos moralismos”.

Enquanto fala da vida, Nicole manda o motorista do seu Mercedes preto se apressar. O relógio Armani no pulso, avaliado em R$ 2 mil, avisa que já passa das 23h e todos seus amigos devem estar esperando furiosos na frente da Disco – conhecida como a balada mais cara e restrita de São Paulo, no bairro de Vila Olímpia, zona Sul da cidade. É sábado à noite, e a noite de São Paulo nem imagina o que Nicole e seus endinheirados colegas vão aprontar.“Demorei porque a besta da empregada esqueceu de passar a minha calça Gucci”, brinca a garota com os amigos ao descer do carro. “Definitivamente não dá para confiar em pessoas de cabelo pixaim.”

Fernanda, filha de um banqueiro que mora no Rio de Janeiro e que mantém apartamento em São Paulo para temporadas, ri escandalosamente da observação da amiga Nicole. Além de compartilhar da visão do mundo, as duas são fisicamente parecidas. Morenas, baixinhas e superproduzidas. “Empregada é uma droga mesmo”, diz a carioca de 20 anos que largou recentemente a faculdade de Publicidade e ainda não decidiu o quê estudará a seguir. Ela veste um modelito exclusivo assinado pelo estilista Alexandre Herchcovitch. “Todas as empregadas são ignorantes. É por isso que elas têm de ganhar salário mínimo. É o valor da suas mediocridades.”

Fernanda está acompanhada de mais três meninas que aparentam ter a mesma idade e de dois garotos já mais velhos, com mais ou menos 25 anos. Todos têm pais ilustres – duas são filhas de empresários bem sucedidos, a outra é herdeira de um fazendeiro do interior paulista, o garoto loiro é filho de político. Apenas um deles é uma incógnita. Seu nome é Carlos, e sua origem nunca foi colocada em discussão pelos colegas. “Um dia apareceu do nada em uma balada, dirigindo um Porshe Boxter e com muitos ecstasys no bolso. Não precisou explicar de onde vem para ser incluído na turma” explica Nicole.

A fila na frente da Disco quase dobra o quarteirão, mas uma nota R$ 50 na mão do segurança é o suficiente para que Nicole e seus amigos a furem. A entrada custa R$ 70 para homens e R$ 35 para mulheres, mas eles desembolsam mais R$ 100 cada um para ter direito a entrar no camarote. “Somos VIP’s, merecemos tratamento diferenciado”, diz Fernanda, enquanto abre uma garrafa de champanhe Möet et Chandon – a primeira de sete que serão consumidas na noitada, ao custo de R$ 120 cada.No camarote, fica mais fácil para Carlos disfarçar uma carreira de cocaína que prepara em cima de uma mesinha de madeira. Os amigos brincam que ele tem o nariz nervoso, não consegue ficar um dia sequer longe do pó. Fernanda percebe o gesto e corre para filar um pouco da droga enquanto Nicole, do outro lado do camarote, amassa a roupa cuidadosamente escolhida com um rapaz mais velho que acabara de encontrar. Dias depois, procurada pela reportagem da AOL, a direção da Disco, por meio da assessoria de imprensa, diria que os clientes pegos com drogas no interior da casa são colocados para fora.Depois de duas horas e R$ 890 gastos em bebidas, o grupo decide deixar a balada e procurar algum outro lugar para terminar a noite. Ou melhor, para começá-la de fato. “Vamos para a minha casa, hoje não tem ninguém lá, meus pais estão viajando”, sugere Fernanda. “Podemos comprar umas bebidas, ligar para uns amigos e fazer a festa lá mesmo. Com quantas pessoas será que eu vou transar hoje?”

A idéia de Fernanda até que foi comportada para os seus padrões. Da última vez que convidou os amigos para ir até a sua casa no Jardim Lusitânia – uma mansão na zona Sul de São Paulo com três salas, sete quartos, duas cozinhas, um pátio que se derrama na parte dos fundos com a piscina, uma edícola destinada aos hóspedes dos donos da casa e, num canto, um canil, abrigo de três cães, dois deles belíssimos huskies siberianos –, ela pagou três prostitutas e dois garotos de programa para animar a reunião. De outra vez, fez uma vaquinha e comprou 100 gramas de cocaína. Tudo foi consumido na mesma noite. Os amigos da garota contam que ela, numa das baladas que deu, fez sexo com três amigos de infância na piscina, ao mesmo tempo, enquanto os vizinhos viam e ouviam tudo.

São quase três horas da madrugada e as pajeros, mercedes e BMW’s começam a se enfileirar na porta do número 482. Em pouco tempo, há cerca de 25 jovens no local. Todos da turma são muito parecidos – os garotos vestem camisa de algum estilista famoso e caro, Herchcovitch, Sommer ou Haten, e calça jeans igualmente exclusiva, mas que pareça estar bem suja. Já as meninas só usam preto, sempre de marca estrangeira, e não desgrudam de suas bolsas Louis Vuitton abarrotadas de ecstasys, maconha e, eventualmente, camisinhas.A festinha particular começa a esquentar com uísque 12 anos misturado com energéticos. Fumaça de charuto e música eletrônica tomam conta da sala principal da mansão de dois andares. Para deixar as meninas mais “soltinhas”, os garotos preparam um drink especial com vodca, suco em pó light e comprimidos de ecstasy picados em pedacinhos microscópicos. Quando elas se derem conta, já estarão dançando coladinhas sem as blusas e dando beijos calientes umas nas outras, no meio da sala decorada com uns poucos móveis antigos, de estilo europeu.

Para a maioria delas, não faz a menor diferença saber se tomaram drogas misturadas à bebida porque a intenção é ficar doidas mesmo. “Essas garotas aí estão loucas para dar”, aponta o estudante de Administração Thomás, de 22 anos, herdeiro de um médico famoso e amigo de longa data de Fernanda. “A única coisa que elas têm para fazer na vida é gastar o dinheiro da família. As mais novas, aliás, são as mais danadas. Eu, por exemplo, transei com muita menininha filha de ‘sei-lá-quem’ dentro do meu Civic ou em banheiros de baladas. Já ‘tracei’ muitas Lolitas Pilles por aí. Thomás se refere à escritora francesa de 19 anos, que chocou o mundo ao descrever tudo o que se passa no mundinho milionário de Paris no seu livro de estréia, Hell. A tradução em português chegou às livrarias do Brasil no final de 2003 e vem ocupando lugar de destaque nas prateleiras das livrarias. Nascida em berço de ouro e patricinha assumida, Lolita Pille passou boa parte de sua vida torrando o dinheiro dos pais nas lojas mais caras da capital francesa, desrespeitando regras de trânsito, enchendo a cara em hotéis de luxo e dançando até de manhã nas boates da moda. Quando se cansou da farra, a garota escreveu 224 páginas denunciando a sua geração da forma mais crua possível. A galera endinheirada de Paris não perdoou. Lolita Pille passou a ser barrada nas baladas VIP’s. "A 200 km/h pelas ruas de Paris, onde não é bom caminhar quando estamos no volante, misturamos álcool com cocaína e cocaína com ecstasy", escreve. "Eu sou um produto da Think Pink Generation. Minha crença: seja bela e consuma. Sou a musa do deus 'Aparência', sob o altar do qual eu queimo alegremente todo mês o equivalente ao seu salário".

Os relatos de Lolita poderiam muito bem ter sido escritos pela paulistana Nicole, pela amiga Fernanda, ou por qualquer uma das meninas que dançam e se beijam sem blusa na sala de estar da casa de piso de mármore claro do bairro paulistano de Jardim Lusitânia. “Entrei numa boate aos 14 anos e nunca mais sai”, confessa a escritora francesa em Hell, numa de suas muitas tiradas infanto-niilistas. “De qualquer maneira, o que fazemos é vergonhoso. (...) E daí? É você quem paga a conta? Enfim, por hora está bom para mim. Minha única preocupação é o vestido que vou usar hoje...”O uso de drogas na mansão de Fernanda é tão disseminado que até cinzas de cigarro chegam a ser confundidas com cocaína – e cheiradas sem que ninguém note a diferença. Num canto da sala, três caras fumam maconha e dividem uma pedra de ice, droga sintética, derivada da anfetamina, que parece um cubo de gelo, sem se importar com a presença de um estranho, o repórter da AOL.

Noutro, duas adolescentes que não aparentam ter mais de 15 anos cheiram um vidro inteiro de B-25, ou cloreto de metileno, mais conhecido como cola de acrílico. E isso sem falar nas cápsulas de efedrina, de efeito estimulante, oferecidas como se fossem balas de goma.Nicole, então, já usou e abusou de tudo nesta festa. E mesmo assim ela ainda quer mais. Em uma só tacada, engole dois comprimidos de ecstasy que estavam jogados em cima da bancada americana, plantada no meio da espaçosa cozinha principal, toda equipada com eletrodomésticos em aço inox. Um comprimido é rosa na forma de coração e o outro azul na forma das orelhas do personagem Mickey Mouse. “Tô bem, tô bem, ainda tô sóbria”, balbucia, pouco antes de tropeçar em uma cadeira e cair estatelada no chão.Dois caras levantam Nicole e carregam o seu corpo praticamente inanimado para uma das suítes do primeiro andar da casa. É o quarto dos pais de Fernanda que a essa altura está chorando copiosamente no banheiro, em uma crise nervosa causada pela cocaína.

Nicole acorda e puxa os dois garotos desconhecidos para a cama, tira as calças e começa a fazer sexo sem se preocupar com os olhares curiosos dos que estão olhando pela porta aberta. O show não dura muito tempo – minutos depois, Nicole levanta correndo e tenta chegar até o banheiro. Em vão. Ela acaba vomitando em cima de um dos garotos, no piso de mármore. Vomita tanto que sai até bile.

“Sério que eu fiz tudo isso mesmo?”, perguntaria Nicole mais tarde, enquanto deixava o quarto 231 do Hospital Alvorada. O braço direito até dóia de tanta glicose que foi injetada na sua veia. Com olheiras enormes, sua amiga Fernanda só tinha forças para responder afirmativamente com a cabeça. “Que saco! Eu sempre apago nos melhores momentos. Mas tudo bem, semana que vem tem mais. Fê, você tem certeza que não foi um plantonistazinho de merda que me atendeu? Porque esses residentes não sabem de nada, ganham uma merreca... Não posso ser atendida por um imbecil qualquer.”

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Na veia



"você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui, percorri milhas e milhas antes de dormir ... eu não cochilei...os mais belos montes escalei (...) Nas noites escuras de frio chorei (...) A vida ensina, e o tempo traz o tom, prá nascer uma canção, com a fé no dia-a-dia encontro a solução (...)"

"Você tem o jornalismo na veia e fez todas as perguntas que um bom repórter deve fazer", afirmou um jornalista que completou 82 anos hoje. Ele procurou o jornal que trabalho atualmente para conversar e mostrar o trabalho que realiza em Bauru - SP, onde produz um jornal mensal sobre memórias da cidade e é encartado como suplemento de um outro jornal.
Durante uma conversa-entrevista, ele me contou sobre a vida que leva, algumas memórias e falou da atual imprensa, contudo, o que mais me marcou e me fez rever minha vida, embora a visita dele tenha iluminado meu dia, foi que quando ele montou o jornal, uma pessoa disse que não duraria três meses e o suplemento está completando 30 anos.
Me lembrei de que, muitas vezes, me disseram que eu não iria conseguir e todas palavras negativas serviram como impulso para que eu fosse adiante.
Na última semana, uma jornalista que se formou comigo (e não exerce por comodismo) falou que só chegou ao final da faculdade porque uma outra amiga a pegava e deixava em casa todas as noites e as viagens de 40 km - de Poços para São João - se tornaram mais suportáveis. Foi então que eu lembrei que para mim, não foi fácil desde o início.

Sempre soube que queria fazer jornalismo e entrar no curso foi diferente de qualquer coisa que eu já tivesse vivido nos meus 17 anos de vida.
Mas, nem tudo foi fácil. Era difícil não ter um emprego, não poder ir em todas as festas, não vestir as roupas da moda, não acompanhar as demais ´patys´da minha sala, que tinham pais médicos, psicólogos, jornalistas, entre outros.
Meu pai cursou até o 4º ano primário. Minha mãe também. Mas lutaram a vida toda para que eu tivesse um diploma.
Ir a faculdade não era fácil. Como moro há 10 km do centro e na época eu não trabalhava, tinha que pegar um ônibus. Para dar tempo de pegar a van, tinha que sair de casa 17h20, ou seja, não dava pra jantar antes de ir, mas naquela época era bom, ainda dava tempo de tomar banho...rsrsrs
Quando eu comecei a trabalhar, saia de casa antes das 8h e só voltava 00h50, quando a van que eu ia deixava todos os outros estudantes. Eu era a última da turma. A última que ia dormir e talvez a primeira a acordar. Por morar longe, tinha que pegar ônibus mais cedo. Mas, nunca pensei em desistir, em abandonar o curso.
Fiz alguns bicos, trabalhei como monitora infatil em hotel, buffet, entreguei panfletos na rua e outras coisas para ganhar um dinheiro e garantir algumas baladas que eu gostava de fazer, ou comprar alguns livros.
Normalmente eu não comia na faculdade porque o dinheiro não dava para isso.
E assim, os anos de curso foram passando. Entre a sala de aula, o corredor, a biblioteca, o boteco e a van, aprendi MUITO, coisa que muita gente não consegue durante toda uma vida.
Fiz alguns dos grandes amigos que tenho hoje. Outros, não vejo mais e alguns, por falta de afinidade, não tenho mais assunto.
Como sempre fui uma pessoa polêmica e muito desbocada, logo no início fiz as inimizades na classe também e confesso: por alguns momentos pensei em migrar para o curso de Publicidade e Propaganda, coisa que eu poderia fazer até o início do 3º ano, porque as grades eram parecidas, mas, algo mais forte (Deus) fez com que eu continuasse no jornalismo, e óbvio, não me arrependo.
O mais difícil foi o último ano, quando eu trabalhava numa livraria como vendedora faz-de-tudo e fazia o famoso 'horário comercial'. Na hora do almoço eu fazia inglês para não perder o tempo de curso e minha irmã me ajudava a pagar. No restante do horário, quando o movimento era pequeno, aproveitava para estudar e ler (li o quanto pude naquele período, o que me fez ser quem sou hoje e me ajudou a construir minha pequena biblioteca).
Mas, durante a execução do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pensei que fosse enlouquecer. Tinha tudo para fazer e não tinha estrutura. A loja estava para fechar e não tinha mais computador, energia elétrica, nada.
Entre as lágrimas por ter que abandonar o emprego que eu tanto gostava, a pressão para entregar o TCC e falta de tempo até para tomar banho - acordava as 7h e ficava até a 01h sem tomar banho, ia para faculdade obviamente sem comer e várias vezes, deixava de fazer o horário de almoço para poder cochilar na parte inferior da loja - ainda tinha que resolver o que fazer com uma turma de 15 alunos (inclusive eu) que estava sem transporte para São João da Boa Vista. Eu e minha turma de amigos das vans batemos todos os recordes e fomos expulsos de todas empresas que realizavam o transporte. Nossa bagunça era imensa, no entanto, talvez a unica forma de suportar aquelas viagens após um dia inteiro de trabalho sem surtar.
No último trimestre- o pior - fiquei sem van realmente e tinha que ir de ônibus. Para ir, tudo bem. Ele cobrava até mais barato, mas, para voltar, ele me deixava no centro da cidade e eu tinha que pegar um ônibus do município para chegar em casa, porém, a hora que o ônibus vindo de São João parava no centro, o último ônibus para o meu bairro já havia saído do ponto e a única solução era esperar o último ônibus do bairro ao lado, que saia 00h50 do ponto e chegava no bairro por volta de 01h20. Ai era caminhar cerca de 1km até chegar em casa. Por várias vezes tive medo de fazer o caminho sozinha e ser abordada por um pseudo-marginal que poderia roubar o pouco que eu tinha e liguei para meu pai, fazendo ele sair da cama e ir me pegar de carro no ponto do bairro vizinho.
Quando eu terminei e fui aprovada com 10 no TCC, chorei gritado ao lembrar cada dia difícil, cada banho que deixei de tomar, cada roupa que deixei de comprar, cada festa que deixei de ir, cada coisa que deixei de fazer pelo meu diploma, mas, eu havia conseguido, embora não tenha sido fácil.
No entanto, hoje eu já não lembro mais destas dificuldades, talvez até porque eu tenha outras, mas, nunca deixei de sentir aquele jornalismo correndo nas veias, durante este quatro anos, durante a época do TCC e todas as entrevistas feitas e em cada passo dado na realização do sonho.
Assim que o ano acabou, ficou lá em São João as lembranças do caminho para o sonho e na memória uma outra parte.
Na colação de grau (foto) pude ver, pela última vez, a turma toda reunida. Não sei o quanto cada um caminhou para estar ali, colando grau, recebendo um diploma, jurando em nome de uma profissão.
Aquela foi também a última vez que vi minha melhor amiga (vide último post), que me ajudou a caminhar na busca do sonho. Algumas lembranças se foram, pra sempre, junto com ela.
Na sequência, fiz uma entrevista de emprego em São Paulo na área de Publicidade e outra em Poços, num jornal.
Na de São Paulo fui bem recebida e o emprego era meu. Na de Poços, aquele que seria meu patrão por dois anos me olhou nos olhos e disse: 'Você não é jornalista'. Eu sustentei o olhar e respondi: 'Sou e vou te provar que posso ser bem melhor do que isso'. Acho que provei. Talvez não pra ele, mas para mim mesma. Provei que poderia ser muito mais do que aquilo. Muito mais do que uma recém-formada querendo aparecer, querendo as 'glórias' televisivas, querendo aparecer.
Provei para muitos que o jornalismo corria nas veias. Inclusive para uma professora, que certo dia, me disse que eu não era competente. Essa mesma, um ano depois que eu estava formada, me convidou para uma palestra na faculdade sobre jornalismo literário. Eu fui. E provei para mim, novamente, que o jornalismo estava ali para ser vivido por mim mesma, por quem estivesse disposto a questionar e mudar as coisas.
Por dois anos, fui repórter de várias editorias naquele jornal, inclusive na de polícia, que eu fugi de ser e relutei durante tanto tempo.
Durante aqueles dois anos, vivi tudo que eu poderia viver como repórter de um jornal impresso do interior. Até coisas inimagináveis, mas, aprendi muito.
Aprendi com os desafios que me foram impostos, com as vezes em que um não me foi dito, todas as vezes que eu pensei que não conseguiria e o resultado foi melhor que o esperado.
O melhor, inclusive, foi como na época da faculdade, não ter abaixado a cabeça diante do que impunham, não ter desistido quando parecia impossível continuar. Foi aí que me enxergaram, aí que me viram como sou, aí que meu talento se revelou e quanto mais eu fiz, melhor me tornei e mais espaço conquistei.
Mas, mais uma vez, tudo que vivi ficou naquele passado de dois anos.
Agora é uma nova etapa. Não menos proveitosa. Aprendo a cada dia, com novas dificuldades.
Porém, observando muitos jornalistas de hoje, vejo que a maioria não tem a garra necessária para seguir adiante. 100% não passaria pelo que eu passo (ônibus lotado, marmita amassada, salário baixo, jornadas longas) para ver, no fim do dia, a matéria pronta, no outro dia, a glória da manchete que dura só até a próxima edição e para sentir, todo os dias, em cada nova pauta, em cada nova possibilidade de matéria, em cada entrevista, cada pergunta, cada questionamento, cada fotografia, cada letra digitada, cada texto, o jornalismo pulsante na veia, que bate mais forte do que a vontade de ir embora cedo, de sair, de ter um programa normal, de ignorar uma cirene que passa, de fazer qualquer outra coisa, porque reportar a vida e o mundo é mais importante !

O jornalismo é algo que está na veia

Eu odeio uma frase, que se eu disser alguma vez na vida você me interna: 'Quando eu era repórter...' Quando eu 'era', não: eu sempre vou ser repórter" (Paulo Vinicius Coelho)


O texto, escrito com pressa e as vírgulas totalmente fora do lugar são de uma repórter (jornalista-por-formação, sim !) que, apesar de tudo, ainda acredita. E os punhos cerrados e um sorriso no rosto porque a luta não para !

PAZ.
Jéssica Balbino

terça-feira, 12 de maio de 2009

"no fim, você não vai encontrar quem procurava...

...e sim, que estava esperando por você".

É mais ou menos isso que eu pensei hoje, quando me lembrei quando conheci o Matheus.

Ou melhor, como ele me encontrou no orkut de uma amiga, e me adicionou dizendo que lembrava de ter me visto na academia do clube e na faculdade.

Pois é... ele pediu meu msn, começamos a conversar, a nos falar na faculdade, descobri que ele mora perto de casa, começamos a ir embora juntos conversando e hoje estamos juntos.


A sensação que eu tenho é muito boa, e ele me deixa bem.

O amor não tem desesperos, angústia;

O amor não é louco e obsessivo;

O amor é o contrário de todas as coisas ruins que eu já senti quando julguei que amava;

O amor é a simplicidade devastadora que você não encontra em qualquer lugar.


E eu encontrei em uma pesso que eu mal dei atenção no início, e que eu não queria nem conhecer, uma pessoa incrível, na qual eu me arrependeria amargamente de ter julgado sem ao menos ter dado uma chance.
ps: Jehhhhh saudadee absurda!!!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Leia (!!!!)*

Segue, abaixo, um texto do Arnaldo Jabour. Ótimo. Vale a pena ler e parar pra pensar. Mas não pense muito...

Antes de colocar o texto, deixo um recado para a pessoa que sempre comenta nos posts do nosso blog. No meu último ela escreveu: "Seus amigos estão certos, não se deixe abater. Em outro post você disse ter ido a um culto. Presumo que talvez você creia na vida após a morte e na eternidade do ser. O que são alguns pequenos aborrecimentos para alguém destinada à imortalidade e à eternidade? Com o que se compra o infinito? Nada vale tanto. Quanto aos seus irmãozinhos que lhe aborrecem, você mesma disse em outro post, ore por eles. É nisso que você acredita não é? Ou não? Hamlet...". ADOREI e concordo com você. Obrigada por sempre ler nossos post malucos e comentar. Sei que muita gente lê o que postamos aqui, mas não comentam porque preferem dizer que não acessam. Ou então acessam mas preferem não comentar! *rs




R E L A C I O N A M E N T O S




"Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah, terminei o namoro... '
- 'Nossa, quanto tempo?'
- 'Cinco anos... Mas não deu certo... Acabou'
- É não deu...?Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos. Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... E se o beijo bate... Se joga...
Se não bate... Mais um Martini, por favor... E vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa ta com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?O legal é alguém que está com você por você. E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.....Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, insegurança, ódio, frustração. Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível. Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim... Quem disse que seria fácil? Se não quer sofrer...então não se apaixone, não se envolva, não ame, não VIVA....apenas vegete".




Aêêê! Bão demais, não?!

















sexta-feira, 8 de maio de 2009

IDENTIDADE(S)







Sou dois mundos.
Isso já foi acordado.
Uma eu sou leve, alegre, amiga, disposta...
Agora a minha outra eu,
aquela que raras pessoas conhecem,
aquela que várias vezes elouquece
e desabafa nos textos verdades inquestionáveis,vontades embaraçosas, segredos só seus;
essa já não é tão feliz.
Não, ela não é feliz.
Não na maneira convencional estabelecida.
Não no senso comum.
Ela é qualquer outra coisa menos sorriso,
menos fachada, menos ombro amigo.
Essa é sozinha, mas às vezes ela sorri, sim.
Sorri quando coloca pra fora aquelas bobagens
que todos devem pensar,
mas não chegam a verbalizar.
Surtar.
A minha eu desenquadrada se dá ao luxo de surtar.
Não se acanha com possíveis pensamentos
e nem pensa em servir de exemplo pra ninguém.
Que se dane ninguém!
Ela é livre, assim como a minha eu
tão feliz gostaria de ser.

A liberdade inexistente sem a limitação necessária pra viver em sociedade.
Às vezes, como hoje, por exemplo,
bate uma tristeza tão grande,
uma vontade tão desesperada de chorar
e gritar e uivar as minhas penas...
Mas não dá. Não posso assustar os que me rodeiam.
Não tem ninguém aqui que possa me consolar
sem me cobrar a alegria que tanto parece comigo.
Existem só essas brigas de eus,
onde não importa quem ganhe,
eu sempre perco.


Autora: Mel Adún (Fonte: Cadernos Negros 31)

clique na imagem!


domingo, 3 de maio de 2009

E nesse dia

se o mundo acabar, não vou ligar pr´aquilo que eu não fiz !!!

O post de hoje não vai para as minhas outras grandes amigas Nath e Dany, mas para a Anita, que se foi e que me faz tanta falta. Alguém que hoje eu já não tenho mais a chance de abraçar e dizer que amo muito.



Para a Anita:

Se o tempo parasse, ou mesmo se eu pudesse voltar, talvez faria tudo diferente, talvez não. Mas, o únio poder que temos é viver o presente, e desde que você se foi, tento vivê-lo de uma forma diferente.
Costumo dizer que só quem já perdeu um amigo sabe como eu me sinto. Só quem já viu o melhor amigo ir embora e não pôde fazer nada, tem a exata noção da dor, do sentimento, da saudade, da vontade de mudar tudo e poder dizer mais uma vez o quanto ama, de dar mais um abraço, de fazer mais perguntas, de estar perto mais um instantezinho, de fazer mais uma ligação, de mandar mais um e-mail, de deixar mais um scrap, de externar tudo aquilo que sentimos.
Até hoje não tive coragem de deletar o seu nº de telefone do meu celular, embora eu saiba que eu possa ligar a vontade, você nunca mais vai estar do outro lado para me atender !
Se a gente tivesse, em todos os momentos, a consciência de que o amanhã não existe, aproveitaríamos mais as pessoas que amamos.
Anita, sinto sua falta e o que mais dói é saber que algumas lembranças eram só nossas e agora, são só minhas, sem ter com quem dividí-las...dói saber que elas vão sumir no tempo ...


que já se foram dois anos sem você e a tendência é que o tempo cresça, junto com a saudade... mas o tempo passa, a falta que você faz, não ....
tenho saudade da gente jogando conversa fora, fofocando no meio da aula, trocando arquivos e fotos no msn, deixando recados uma no caderno da outra, saudade dos biilhetes em forma de diálogo, descendo a ripa nos professores...
tenho saudade das msgs no cel, só pra dizer que era amiga, que sentia saudade, que queria estar junto...
tenho saudade da amiga que tive durante os quatro anos de faculdade...
sinto falta da gente dividindo o lanche nos intervalos das aulas, da gente brigando pra resolver o sabor do salgadinho que íamos comprar e contando as moedas no caixa...
tenho saudade da gente tomando açaí na sorveteria, comendo bolinha de queijo (e jurando que nunca mais íamos comprar) no escondidinho e vendo os meninos 'horríveis' jogando bola...olhando a piscina do 'escondidinho' e falando sobre os sonhos que tínhamos para quando acabasse a facul.
Hoje, me sinto interrompida por não poder falar contigo sobre aquelas sonhos, reviver as lembranças, sonhar mais para o futuro...
sinto falta da gente atrás da cantina dividindo a esfiha, o lanche, o suco, as bebidas, as garrafas de vinho...falando dos amores, das desgraças, dos sofrimento, dos livros lidos, dos que ainda íamos ler, daqueles que prometemos escrever...
tenho saudade de discutir jornalismo com vc e saber que vc ia me ensinar, eu ia brigar, bater o pé pelo meu ponto de vista e a gente ia chegar num consenso sobre o realmente era ...
tenho saudade da gente na biblioteca arrumando os livros e a síndrome de livraria que eu tinha...
sinto falta da gente falando sobre as mensagens subliminares, ...tentando encontrá-las nos potinhos de iogurte...
tenho sentido muita falta da gente discutindo sobre nosso livro, as entrevistas, o formato que ele teria, o que viria, o que seria ...como seria...como ficaria ...
tenho saudade dos nossos sonhos de crescer profissionalmente e pessoalmente...
sinto falta de te contar sobre minha vida, meus amores, meus dramas ...falta de ouvir sobre tua vida, teus amores, teus dramas....tuas dores...
tenho saudade de chegar no corredor, te esperar pra ir tomar água, voltar gastando o chão do corredor em frente a biblioteca...
sinto falta da gente brigando pelo queijo da pipoca, eu enchendo o saquinho de pimenta, a gente discutindo...
tenho muita saudade da gente brigando por tudo, mas sem sair uma ao lado da outra...
sinto falta não só destas pequenas coisas, mas da cumplicidade que existia...de saber que eu poderia brigar, xingar, espernear e vc fazer o mesmo, mas estaríamos uma ao lado da outra, sempre, pra sempre....
sinto falta da gente correndo atrás da formatura, da gente chorando quando destruíram nosso sonho, da gente, mesmo assim, indo atrás do que queríamos...
tenho muita saudade da gente bebendo no bar, na esquina, atrás da cantina, lá em casa, em SP...
sinto falta da gente no pagode, no forró....das merdas que a gente fazia, das besteiras que falávamos, das brincadeiras toscas de todo dia....
das piadinhas mais toscas ainda...dos ataques de risos...da gente dormindo nas salas vazias...da gente estudando (fingindo né) pras provas...do medo de pegar exame..do nosso trabalho de rádio (iiii..vai, vai vai...), dos inúmeros e sem números de trabalhos que fizemos juntas e mandamos muito bem em todos...porque éramos fodonas né ...
sinto falta das nossas aventuras, principalmente em SP...afinal, que mais iria pra capital comigo, sem conehcer nada, sem dinheiro, subiria o morro da favela, andaria de trem, metrô, busão, a pé, de camelo, sem saber pra onde estava indo?!
Sinto falta da vassoura de R$1 real da galeria..dos banheiros sujos que a gente entrou e fotografou...tenho saudade das merdas que a gente falava a todo instante, do anto que a gente xingava os outros...dos nossos relatórios detalhados sobre a roupa e o estilo de Deus e mundo
(tá, as mais gatas né..rsrs) ...
sinto falta da gente comprando mil reais de muamba num único dia em SP...indo e vindo no meio dos camelôs um dia todo...
tenho saudade da gente morando no Museu da Língua Portuguesa e pegando as palavras da mão...
tenho saudade dos planos que fizemos de voltar lá...
morro de saudade de lembrar contigo qdo vc caiu dentro da água no Caminho da Fé e disse pra eu ter cuidado...
da gente andando 200 km a pé naquele dia e xingando tudo e todos, mas no final, correndo, se abraçando e fotografando...acho que foi a primeira coisa que conseguimos juntas...
lembro dos segredos que eram revelados..do medo de não haver compreensão ... mas sempre havia...
sempre havia um sermão, um xingatório e um abraço amigo depois....havia um ombro onde as lágrimas eram sufocadas...haviam abraços de amigas mesmo, daquele que eu sinto tanta falta hoje ...
lembro da gente xingando patrão, patroa e o cacete...querendo mudar de vida... indo em busca dos sonhos...
lembro da bosta que era ir pra facul nos dias que vc faltava...do tanto que eu tinha vontade de te matar quando vc num ia e te xingava quando te via no outro dia...
aafff...kbça...tenho saudade qdo vc me cutucava na aula e falva 'fala kbção' ...qdo vc se unia com a minha mãe pra me xingar....qdo vc se unia com meu cunhado pra fumar ....qdo as gêmeas pulavam no teu colo e te chamavam de 'titia' e agora..quando elas vem me dizer que o 'jornalismo é só teu titia' ...
cacete ....que saudade da porra da gente e de como éramos amigas... porque você foi única. Ninguém te substitui !

Para sempre !






"Se eu ousar catar, na superfície de qualquer manhã, as palavras de um livro sem final, sem final, final (...) Valeu a pena"


E se eu pudesse, hoje, te daria mais um abraço e falaria mais uma vez que te amo, tanto !